A Itália vai invadir o Rio em setembro. Mas não há razão para pânico. Tal invasão não coloca em risco a cordialidade entre as duas nações. Além de pacífica, tal experiência promete ser enriquecedora, por envolver manifestações artísticas como fotografia, arquitetura, pintura e literatura. Três grandes exposições vão acontecer simultaneamente no Centro da cidade. A iniciativa partiu do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ) e ganhou o nome de Ocupação Itália. O evento é composto por duas mostras fotográficas e uma de arte. São elas: Dell’Architettura – Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca, com fotos de Aristides Corrêa Dutra e curadoria do próprio artista em parceria com a diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Lívia Raponi; Praças [In]visíveis, coletiva de 21 fotógrafos italianos com curadoria de Marco Delogu, e Poéticas dos espaços, primeira grande mostra na cidade do italiano Umberto Nigi. As exposições podem ser visitadas no Centro Cultural Correios a partir de 10 de setembro, de terça a sábado, com entrada franca.
Quando se comenta sobre a arquitetura do Rio de Janeiro muito se fala da influência francesa nos edifícios da cidade. A influência italiana na nossa arquitetura é vasta como a da França. Ou maior, se considerarmos o fato de que arquitetos como Grandjean de Montigny (1776–1850), por exemplo, realizaram seus estudos em Roma. Há muito da Itália no Rio e isso será revelado na mostra Dell’Architettura – Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca, do fotógrafo, professor e artista visual Aristides Corrêa Dutra. A exposição traz 37 painéis fotográficos em preto e branco de prédios projetados e\ou executados por 16 arquitetos. São jóias como a do Moinho Fluminense, projetado por António Januzzi (1853–1949); a construção que abriga hoje a Escola de Artes Visuais (EAV), no Parque Lage, projetada por Mario Vodret (1893–1948); ou a do Hospital da Cruz Vermelha, obra de Pietro Campofiorito (1875–1945). A curadoria é do próprio Aristides em parceria com Lívia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro.
Uma imagem comoveu o mundo em março de 2020: a da missa celebrada pelo Papa Francisco para uma Praça de São Pedro totalmente vazia. Outras tantas praças italianas ficaram esvaziadas durante a pandemia – o que possibilitou a percepção de características ocultas pelo constante ir e vir do público. Tais detalhes são a tônica de Praças [In]visíveis, com imagens de 21 logradouros públicos fotografados por diferentes autores e comentados, respectivamente, por escritores e poetas italianos da atualidade. São fotógrafos como Olivo Barbieri, Jacopo Benassi, Luca Campigotto e Michele Cera, cujas imagens ilustram textos de autores como Edoardo Albinati, Carlo Carabba, Francesco Cataluccio e Liliana Cavani, entre outros. A mostra tem curadoria de Marco Delogu e é uma iniciativa do Ministério das Relações Exteriores da Itália, sugerida aos Institutos Italianos de Cultura mundo afora.
O artista visual Umberto Nigi nasceu na Ilha de Gorgona, Itália, mas é o que podemos chamar de cidadão do mundo. O trabalho como engenheiro levou-o a morar de forma temporária em países como Egito, Inglaterra, África do Sul, Croácia e o Brasil, onde fixa residência em fins dos anos 1990. Ao longo de quase 60 anos de carreira, sua produção artística divide-se entre a fase figurativa, que marca seu Iniciou na pintura em 1963, e a abstrata, à qual dedica-se a partir da década de 1990. Parte significativa dessa produção será vista em Poética dos espaços, a primeira grande mostra do artista, de 76 anos, no Rio de Janeiro. A mostra tem curadoria de Edson Cardoso e reúne um total de 52 obras, sendo 42 telas de grandes proporções e dez esculturas.
“A iniciativa, gratuita, visa a incrementar, no público carioca, o conhecimento da cultura visual italiana, por meio da fotografia, da arquitetura e das artes plásticas”, salienta Lívia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, que chama atenção para as características comuns às três mostras: “Delas emergem traços estéticos comuns, profundamente enraizados na tradição artística e arquitetônica italianas, caracterizados pela harmonia, pelo equilíbrio, pela elegância e a qualidade das obras – em grande e pequena escala – realizadas. Acreditamos que tais valores, mais a concepção de uma função essencialmente social da arte e da arquitetura, sejam ainda de grande atualidade”.
Visitações:
Dell’Architettura – Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca e Praças [In]visíveis: de 10 de setembro a 10 de outubro de 2021
Poética dos espaços: de 10 de setembro a 24 de outubro de 2021